Vivemos cercados por promessas. Fórmulas mágicas, atalhos de 30 dias, dietas que “garantem” décadas extras de vida. O barulho é tanto que às vezes fica difícil distinguir quem realmente sabe do que fala e quem apenas repete frases de efeito para buscar atenção. Mas quando falamos de longevidade, essa distinção é vital. Não é sobre consumir mais informação, é sobre aprender a filtrar.
Shane Parrish escreveu que um imitador fala bonito, mas patina quando você pede um detalhe fora do roteiro. A base é rasa, as respostas são decoradas e inclusive fica bravo quando você diz “Não entendi”, pois para eles o que interessa é forma e não o conteúdo.
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O centro são eles. Já um expert de verdade tem profundidade, consegue explicar de jeitos diferentes, admite limites e não se incomoda em dizer “não sei”. O centro é você. Essa diferença não é pequena, é ela que separa o discurso vazio de quem deve realmente te acompanhar ao longo da vida.
Quando trazemos esse filtro para o campo da saúde, a figura do médico e da equipe de referência se torna central. Barbara Starfield já mostrava que a boa atenção primária se apoia em quatro pilares (4Cs): um cuidado amplo ao longo da vida, o primeiro contato acessível quando surge um problema, a coordenação entre especialistas e serviços, e a continuidade que só se constrói com o tempo e a relação.
Perceba a força dessa estrutura. Ela não se resume a consultas pontuais, mas organiza a saúde como uma jornada (com IA isso vai ser tornar muito mais fácil). É o oposto do modelo fragmentado, em que cada especialista olha para um pedaço e ninguém enxerga a pessoa inteira.
Quatro critérios práticos
Peter Attia descreve algo muito parecido em sua busca por definir o que é um bom médico. Ele fala dos quatro As: advocacy, a defesa ativa do paciente, aquele que navega o sistema por você e te conecta com os melhores recursos; afabilidade, a capacidade de conversar com você, não para você, construindo confiança; availability, a disponibilidade real para quando você precisa; e ability, a competência técnica que só se mantém com curiosidade e atualização constante.
Esses quatro As se alinham de forma natural aos quatro Cs da atenção primária. No fundo, estamos falando da mesma coisa: de cuidado que enxerga o todo, que se mantém próximo, que integra e acompanha.
Proatividade como regra
Tudo isso se conecta a uma palavra que talvez seja a mais importante de todas quando falamos de longevidade: proatividade. O modelo tradicional da medicina ainda é reativo. Espera a doença aparecer para então agir. Mas longevidade exige outra postura. Profissionais que monitoram marcadores, identificam riscos antes que virem diagnósticos e sugerem mudanças de rumo enquanto ainda há tempo.
E aqui está o desafio: o sistema muitas vezes recompensa o procedimento, não a prevenção. Cabe portanto a nós procurar, de forma ativa, os médicos e profissionais que escolhem remar contra essa corrente. Aqueles que tratam a consulta não como um episódio isolado, mas como parte de uma relação de longo prazo, baseada em confiança e compromisso.
No fim, mudar hábitos é sempre um processo de influência. Só somos transformados apenas por quem confiamos. E confiança nasce de relacionamento e tempo. Por isso, escolher quem vai te acompanhar nessa jornada é uma das decisões mais estratégicas da sua vida. Ter uma vida mais longa e principalmente melhor, depende essencialmente de você, mas também de quem está ao seu lado.
Lasse Koivisto é membro da Healthy Longevity Medicine Society e mentor de diversas startups. Em 2020, iniciou um estudo aprofundado sobre longevidade e, recentemente, deu início ao projeto Alpha Origin, no qual publica semanalmente artigos que têm como propósito ajudar as pessoas a viverem mais e melhor na newsletter Longevidade News.
Em 2025 se tornou o primeiro colunista dos canais de comunicação das operadoras de saúde PASA e AMS em uma parceria para trazer mais informações aprofundadas e seguras para nossos beneficiários.